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quarta-feira, 2 de abril de 2008

Matéria Exclusiva - Joana D'ark

Uma silenciosa multidão ocupa a praça do mercado da cidade francesa de Ruão. Soldados impassíveis montam guarda à uma estaca, ao pé da qual outros juntam os últimos gravetos para uma fogueira. É manhã de 30 de Maio de 1431 e, dentro de alguns minutos, uma jovem que ainda não fez 20 anos, será condenada à morte pelo fogo, por ser acusada de feiticeira, herética, aliada ao demônio e impostora. A moça uma componesa da aldeia de Donrémy é trazida pelos soldados.

Enquanto à amarram a estaca ela só diz - "Tudo que fiz foi por ordem de Deus".

Ateia-se o fogo e as chamas logo sobem e envolvem seu corpo. Aos poucos, a multidão se retira: não está convencida de que a sentença fora justa, não concordam com o veredicto do tribunal eclesiástico.

Passam-se 25 anos.

A morte da jovem não é esquecida. Insistentes solicitações fazem com que a igreja reabra seu processo. E a camponesa, reabilitada de todas as acusações, torna-se a primeira heroína da nação francesa.

500 anos mais tarde, a 16 de Maio de 1920 o Papa Bento XV a proclama Santa Joana D’Arc, e agora Santa Joana.

A vida de Joana D’Arc é parte da história de uma guerra que durou cem anos, entre a França e a Inglaterra, a partir de 1337. Não se tratava propriamente de uma guerra entre dois povos constituídos em nações nitidamente diferenciadas: muitos ingleses eram normandos, isto é, franceses que chegaram à Inglaterra com Guilherme, o Conquistador, em 1066, por outro lado, muitos franceses eram bretões, isto é, ingleses habitando há muito tempo o norte da França. Seja como for os ingleses obtiveram em 1415 uma vitória decisiva, e por um tratado assinado em Troyes, metade da França passou ao seu domínio, ou melhor, para o domínio de Henrique V, rei da Inglaterra, ficando a metade francesa sob o governo de Carlos VI.

Morrendo Carlos VI, foi coroado rei da França o filho de Henrique V, um inglês portanto. Para os franceses, porém, rei mesmo era Carlos VII, filho do falecido monarca. Entre os franceses que não aceitavam o domínio inglês estava a camponesa Joana. Os pais de Joana criaram-na rigorosamente segundo os princípios da fé católica. E aos 13 anos, a menina teria tido sua primeira revelação divina: brincando com suas amiguinhas, ouviu de repente uma voz:

- "Ide e tudo será feito segundo as vossas ordens."

A partir daí, a vida de Joana mudou. Por onde andasse, as vozes acompanhavam-na, ordenando, sugerindo, encorajando:

- "É preciso expulsar os ingleses da França".

Joana acreditou na voz e na ordem. E dirigiu-se a Vaucouleurs. Ao capitão que a recebeu, a mocinha disse:

- "Deus fez-me ouvir Sua voz e ordenou que eu salvasse a França. Devo falar já ao rei; peço-vos que me acompanhe à sua presença".

O capitão Roberto de Baudricourt, não ficou nada entusiasmado: essa menina ou era louca ou mentirosa. Mas a jovem insistiu com tanto ardor, que o capitão se convenceu. E decidiu leva-la ao rei em Chinon. Carlos VII, ao saber do caso decidiu pôr Joana à prova. Na hora marcada para a entrevista, vestiu outras roupas e fez um de seus ministros sentar-se ao trono. Joana entra.

- "Eis o rei", dizem-lhe indicando o ministro. Joana sequer o olha. Atravessa todo o salão, para diante do verdadeiro rei e diz:

- "Em nome de Deus, sois vos o rei! Se fizerdes como ordenarei, os ingleses serão expulsos e vós serei reconhecido por todos como o rei da França".

Abismado, Carlos VII sentiu o milagre. Pouco depois nomeou Joana comandante do exercito francês. Era o ano de 1429. Joana D’Arc tinha 18 anos.

Do riso à derrota.

- "Voltai a vosso país. Deus assim o quuer! O reino da França não vos cabe, mas a Carlos! Eu sou enviada de Deus e minha tarefa é expulsar-vos daqui! Deus me dará a força necessária para repelir vossos ataques!".

Os soldados ingleses acampados às portas da cidade de Orléans (que sitiavam havia a seis meses), caíram na gargalhada ao ouvir tal discurso. Joana não se abalou e ordenou ao exercito francês que atacasse. O povo de Orléans que vivia oprimido e aterrorizado, criou animo novo e lançou-se à luta. Orléans, e depois a França inteira, tinha encontrado um líder, uma heroína. Após 3 dias de luta, os ingleses recuaram. Orléans estava livre. Outra cidade importante, Reims, cairia logo a seguir em poder dos franceses. Carlos VII, agora reconhecido legítimo rei da França, foi coroado e consagrado a 17 de Julho de 1429 na catedral de Reims.

Os ingleses, porém, não tinham sido totalmente expulsos. E Joana decidiu continuar a guerra, Aí se desenhou a tragédia de seu destino. Na batalha de Compiègue, perto de Paris, adversários franceses de Carlos VII conseguiram prendê-la e entregaram-na aos ingleses. Era o momento da vingança. Organizou-se um tribunal eclesiástico francês em Rouen, que acusou Joana de herege e praticante de magia negra. Disseram que ela era bruxa tomada pelo Diabo. Explicam-se as acusações: era preciso mostrar Joana ao povo, não como heroína, mas como uma espécie de anticristo. O processo foi longo e penoso. Joana negou todas as acusações:

- "Tudo que fiz foi por ordem de Deus"... insistia.

Sua firmeza foi inútil. A sentença – condenada à morte – foi promulgada. E cumprida. Ninguém socorreu a moça: Carlos VII estava muito preocupado com questões políticas internas para ajudar a quem havia salvo seu reino.

Joana D’Arc morreu, mas sua curta carreira militar, sua figura fantástica, criaram no povo francês uma consciência nacional. Os poucos anos em que a humilde camponesa se viu envolvida em tão longo conflito marcaram o fim das pretensões territoriais inglesas na França e o começo – a partir de Carlos VII – de uma longa linhagem de reis franceses. A donzela de Orléans, movida por inspiração divina e plena de uma extraordinária coragem, tinha ajudado a criar um Estado nacional, pagando por isso com o sacrifício da própria vida.

Fonte: Enciclopédia Conhecer – Abril Cultural

Volume I – Páginas 74 e 75.

Texto extraído na integra.

A mensageira de Deus que morreu acusada de adorar o demônio...

Um comentário:

Will disse...

Ela é bastante lembrada em um jogo de rpg chamado Age Of Empires II
^^ grande guerreira